domingo, 22 de julho de 2012

Febre do Rato (Cláudio Assis, 2011)


Até que não demorou muito para o Cláudio Assis cometer o seu filme em preto e branco. "Febre do Rato" é o primeiro trabalho do diretor desde o populista "Baixio dos Bestas". E não só segue todos os defeitos da obra do cineasta como os amplia a um nível que beira o insuportável. É Assis mais uma vez "denunciando" a realidade da periferia (claro) de Recife, dessa vez por meio de um poeta popular que busca inflamar as massas através de um discurso libertário, muita cachaça e muita maconha. Irandhir Santos, o Deputado Fraga de "Tropa de Elite 2", se continuar nessa toada, corre o risco de se tornar o maior mala do cinema nacional. O que irrita no filme é justamente esse tom "libertário" que, em última análise, não passa de uma visão sectária e maniqueísta do mundo - e nada mais autoritário do que tentar impor seu ponto de vista na base do grito. Assis critica a burguesia (aquela que paga o ingresso para assistir aos seus filmes e costuma enchê-lo de prêmios, talvez devido a algum sentimento de culpa que deva ser expiado), os militares que marcham em um desfile de Sete de Setembro (virtualmente inócuos e uma pálida sombra do que eram décadas atrás) e, lá pro final da fita, mostra uma tentativa de conscientização de classe com os personagens espalhando papéis ao léu pelas ruas de Recife e emporcalhando a cidade - coisa mais ecologicamente incorreta... O diretor acredita ainda que consegue chocar seu público mostrando os personagens queimando fumo adoidado, se masturbando e fazendo sexo (em cenas muito mal-filmadas, diga-se de passagem). Tal qual o protagonista com seus versos, Assis parece inebriado com suas ideias ao ponto de perder a noção da originalidade e da sofisticação do pensamento. Provavelmente o anacrônico da história é ele próprio. Resta saber se o público continuará comprando seu cinema ou, como diria o próprio diretor (de maneira "libertária", claro), vai mandá-lo tomar logo no cu, que é o que ele merece.

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