terça-feira, 29 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Kinatay (Brillante Mendoza, 2009)
Uma das coisas mais bacanas de São Paulo, pra quem curte cinema, é a grande variedade de mostras e festivais, que abarcam desde curtas e animações até documentários, além de temas e realizadores específicos, por exemplo. A Mostra de Cinema Mundial, "Indie", que acontece no segundo semestre com retrospectiva de alguns cineastas é das mais interessantes. Em 2009, um dos homenageados foi o cineasta filipino Brillante Mendoza. Naquele ano, ele havia recebido o prêmio de direção no Festival de Cannes por seu "Kinatay" e, aproveitando essa oportunidade, pude ver vários de seus filmes, aos quais eu normalmente não teria acesso. E achei bem interessante o que vi. Lembro-me especialmente de gostar bastante de um certo "Kaleldo" e me decepcionar com "Serbis", que, embora fosse tecnicamente o seu melhor até então, me pareceu o mais sensacionalista.
Não que a obra do autor fosse, de resto, livre de críticas. Há ali algo de populista, de demagógico na maneira que ele mostra a realidade de miséria filipina e aspectos caricaturais daquele país e de seu povo. Mas há também uma inquietação na hora de filmar, uma tentativa sincera de não se buscar respostas fáceis.
Na retrospectiva de Mendoza, o filme mais recente, justamente o "Kinatay", foi exibido apenas na abertura da mostra e acabei não o assistindo. Fiz isso só há pouco, e gostei bastante do trabalho. Achei seu melhor filme. É muito bem dirigido, com muita violência explícita (sem jamais ser gratuita), que não é simplesmente fruto da miséria econômica de seus personagens, mas também de éticas e valores deturpados. O filme resiste bravamente a resvalar para certo populismo ou para o grafismo da violência, e a cada momento apresenta escolhas para seus personagens (o central em particular) e o resultado dessas escolhas vai direcionando a trama, que trata do envolvimento meio que acidental de um jovem de vinte anos, já pai e recém-casado, em um acerto de contas com uma prostituta ligada ao tráfico de drogas. Com isso, os personagens crescem e a ação se enriquece, na medida em que eles deixam de lado um papel passivo e passam a responder por suas decisões tomadas, ainda que em meio a situações extremas.
Brillante Mendoza: uma cara que vale a pena estar sempre de olho.
domingo, 27 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
Massive Attack - Paradise Circus
Oh well the devil makes us sin, but we like it when we're spinning in his grip.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
quarta-feira, 23 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Ainda Margaret
E não foi só o Morrissey que homenageou Lady Margaret. Elvis Costello também deu uma contribuição inesquecível.
Margaret on the Guillotine
Parece que o filme com a Meryl Streep sobre a Margaret Thatcher chegou agora em DVD e Blu Ray... Trata-se de um retrato no mínimo condescendente da "Dama de Ferro".
Como não acredito em imparcialidade quando o assunto é política, ainda prefiro a homenagem que o Morrissey prestou à Prime Minister na última faixa do seu primeiro disco solo, "Viva Hate", com o auto-explicativo título "Margaret on the Guillotine".
People like you make me feel so tired...
Como não acredito em imparcialidade quando o assunto é política, ainda prefiro a homenagem que o Morrissey prestou à Prime Minister na última faixa do seu primeiro disco solo, "Viva Hate", com o auto-explicativo título "Margaret on the Guillotine".
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domingo, 20 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
O Garoto da Bicicleta (Jean-Pierre e Luc Dardenne, 2011)
Assistir a um filme dos Dardenne é como ler um livro do Houellebecq ou escutar um álbum do Lou Reed: uma porrada, mas uma porrada gostosa.
Transa, 40 anos
Leio hoje na folha que o álbum clássico de Caetano, "Transa", completa 40 anos. Dos trabalhos do artista, esse é o meu preferido. Dos dois discos gravados no exílio londrino (o primeiro foi o também belo e triste "Caetano Veloso", de 1971), aqui parece que o artista sai da toca, que se interessa mais pela cena fervilhante à sua volta e procura incorporar isso à sua música - o anterior parecia um tributo de saudade à terra deixada pra trás e à dificuldade de se adaptar ao novo (velho) mundo. Isso sem jamais se esquecer de que "nasceu lá na Bahia de mucama com feitor". É um trabalho primoroso, que mostra o artista já plenamente consciente da riqueza da cena musical da Londres daqueles anos viscerais (Caetano gosta de lembrar de ter sido o primeiro a inserir a palavra "reggae" em uma canção brasileira, na segunda faixa do álbum, "Nine Out of Ten"), bebendo muito dessa fonte, mas constantemente e orgulhosamente resgatando suas raízes brasileiras/baianas. Tendo a ver isso como uma completa tradução do tal projeto "tropicalista".
A reportagem da Folha também é útil em questionar o culto excessivo que o álbum recebeu de anos pra cá, obscurecendo várias fases e trabalhos anteriores do artista. "Transa" é ótimo, mas é também o ponto alto da carreira de uma figura que nos legou e nos tem legado uma discografia de momentos ímpares.
The Turin Horse (Béla Tarr, 2011)
"The Turin Horse"/"A Torinói Ló" é o mais belo filme lançado em 2011. Já conhecia e admirava dois outros filmes do húngaro Béla Tarr, "The Man from London"/"A Londoni Férfi" (2007) e "Werckmeister Harmonies"/"Werckmeister Harmóniák" (2000), mas o bonito, ainda que árduo, estudo que o autor desenvolve ao tentar acompanhar os passos subsequentes do suposto cavalo cujo maltrato pelo dono enfureceu Nietzsche em seus dias em Turim (e tiveram algum efeito sobre os dez anos finais da vida, pensamento e loucura do filósofo), não se restringe ao estéril e sufocante cotidiano do pai e da filha perdidos em alguma uma parte remota de uma Europa inóspita, ou ao discurso de teor nietzscheano de um personagem que em algum momento invade a "trama". Trata-se aqui da relação do homem com o meio, do homem brutalizado pelo meio, que não vê como outra opção tentar domar (também de maneira brutal) essa mesma natureza. Béla Tarr parece não emitir juízo sobre essa relação, tenta descrevê-la de maneira objetiva (ou fria, como se queira). É uma obra a que se assiste com certa reverência, admirando-se os longos planos que o diretor lança mão para acompanhar seus personagens e assim tentar reconstituir algum pedaço de suas histórias por meio de uma rotina previsível, interrompida, em parte, pela visita do vizinho "nietzscheano" e, não gratuitamente, pela passagem de uma trupe de ciganos, os itinerantes que não surpreendentemente desestabilizam aquele status quo. E o cavalo está aí para lembrar o quão ambígua pode ser a relação do homem com a natureza - afinal de contas, quem domina quem no final? O final aponta uma resposta clara. Em tempo: depois de quase duas horas e meia "seguindo" o cavalo de Turim, quem se interessa em correr atrás do cavalo de guerra de Spielberg?
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