segunda-feira, 28 de maio de 2012

Kinatay (Brillante Mendoza, 2009)



Uma das coisas mais bacanas de São Paulo, pra quem curte cinema, é a grande variedade de mostras e festivais, que abarcam desde curtas e animações até documentários, além de temas e realizadores específicos, por exemplo. A Mostra de Cinema Mundial, "Indie", que acontece no segundo semestre com retrospectiva de alguns cineastas é das mais interessantes. Em 2009, um dos homenageados foi o cineasta filipino Brillante Mendoza. Naquele ano, ele havia recebido o prêmio de direção no Festival de Cannes por seu "Kinatay" e, aproveitando essa oportunidade, pude ver vários de seus filmes, aos quais eu normalmente não teria acesso. E achei bem interessante o que vi. Lembro-me especialmente de gostar bastante de um certo "Kaleldo" e me decepcionar com "Serbis", que, embora fosse tecnicamente o seu melhor até então, me pareceu o mais sensacionalista.
Não que a obra do autor fosse, de resto, livre de críticas. Há ali algo de populista, de demagógico na maneira que ele mostra a realidade de miséria filipina e aspectos caricaturais daquele país e de seu povo. Mas há também uma inquietação na hora de filmar, uma tentativa sincera de não se buscar respostas fáceis.
Na retrospectiva de Mendoza, o filme mais recente, justamente o "Kinatay", foi exibido apenas na abertura da mostra e acabei não o assistindo. Fiz isso só há pouco, e gostei bastante do trabalho. Achei seu melhor filme. É muito bem dirigido, com muita violência explícita (sem jamais ser gratuita), que não é simplesmente fruto da miséria econômica de seus personagens, mas também de éticas e valores deturpados. O filme resiste bravamente a resvalar para certo populismo ou para o grafismo da violência, e a cada momento apresenta escolhas para seus personagens (o central em particular) e o resultado dessas escolhas vai direcionando a trama, que trata do envolvimento meio que acidental de um jovem de vinte anos, já pai e recém-casado, em um acerto de contas com uma prostituta ligada ao tráfico de drogas. Com isso, os personagens crescem e a ação se enriquece, na medida em que eles deixam de lado um papel passivo e passam a responder por suas decisões tomadas, ainda que em meio a situações extremas.
Brillante Mendoza: uma cara que vale a pena estar sempre de olho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário