domingo, 4 de novembro de 2012
Alois Nebel (Tomáš Luňák, 2011)
Se, como já comentei anteriormente, o hiper-realismo de parte parte das animações atuais tendem a restringir as diversas nuances de suas produções, por outro lado, o uso de elementos de animação podem enriquecer as narrativas do chamado "cinema de carne e osso". O tcheco "Alois Nebel", adapatado por processo de rotoscopia da trilogia de graphic novel homônima, utiliza justamente essas características para imprimir com força os aspectos oníricos e alucinatórios da história de um despachante de trem de um pequeno vilarejo na Tchecoslováquia de fins de 1989 enviado para uma clínica de saúde mental ao confundir constantemente alucinação e realidade, presente e passado.
O filme é, de fato, uma seca reflexão da transição do comunismo para os novos dias na Tchecoslováquia, onde o tempo está constantemente sombrio e fechado, os cenários estão desmoronando, os trens descarrilados e as notícias da transição política chegam aos passivos personagens por meio de longínquas transmissões radiofônicas. É o novo se impondo em um contexto onde o passado sequer foi devidamente assimilado, as feridas da história não se cicatrizaram completamente. Luňák nos mostra de maneira pouco condescendente uma realidade que mudou tão velozmente e tão impositivamente que poucos conseguiram assimilar aquele novo mundo real.
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