terça-feira, 31 de julho de 2012

Velho Guerreiro


Lou Reed - This Magic Moment (de Estrada Perdida/Lost Highway, David Lynch, 1997)



Grandes artistas conseguem transformar banalidades em momentos sublimes. Aqui, o clichê "amor à primeira vista" adquire outros contornos com a visão do David Lynch e a versão do Lou Reed para "This Magic Moment". É o filme mais completo do Lynch.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Casamento de Kim Jong-un


Tardiamente, este blog reproduz o belo poema lido por Kim Jong-un em seu enlace matrimonial com Ri Sol-ju, ao qual a "New Yorker" teve acesso. Scatterbrain faz votos de felicidades ao Primeiro Casal da grande nação norte-coreana.

My Bride, on this our Wedding Day, I wrote this poem for you:
With arms wide open
Under the sunlight
Welcome to this place
I’ll show you everything
With arms wide open
I’ll show you love and laughter and Disney characters
Snow White, Cinderella, Buzz Lightyear, and Nemo the fish
From every Disney movie ever made except “Mars Needs Moms”
Which really blew
And if Disney claims “intellectual property”
I will destroy Disney Studios in a merciless fireball
They stole all their characters from North Korea anyway
Grumpy the Dwarf was totally based on Dad
I wish Dad was here
He loved looking at things
He’d look at us right now and say,
“Those are two things right there”
And then go look at something else
I’ll never forget the day I proposed to you
And you told me, “You had me at ‘food.’ ”
And so, my bride, I promise:
My love will last longer and go farther
Than North Korea’s mightiest missile
Way longer and way farther
And I will make you grateful every day
That unlike Katie Holmes, you married someone normal
LOL
And everywhere in North Korea, people will celebrate our nuptials:
After the rice is thrown, they will fall to their hands and knees to scoop it up
And the two of us will sing
Hi ho hi ho
As off to work we go
With arms wide open.

Gordon Matta Clark - Cronical Intersect (1975)


Tá (Felipe Sholl, 2008)



Curta do Felipe Sholl vencedor do prêmio Teddy no Festival de Berlim.

domingo, 29 de julho de 2012

Album Cover: Miles Davis (Porgy and Bess, 1959)


O segundo melhor disco do Miles Davis tem a melhor capa entre todos os seus álbuns. A fotografia é do Roy De Carava.

Ordem e Progresso


A Princesa e o Piloto (To aru Hikuushi e no Tsuioku, Jun Shishido, 2012)


"A Princesa e o Piloto"/"To aru Hikuushi e no Tsuioku" é uma bela animação exibida no festival Anima Mundi. Conta a história de um piloto de uma classe inferior que, por seu talento, lhe é conferida a missão de escoltar uma futura princesa para um território seguro, onde ela, então, poderá ser entregue a seu príncipe prometido. As belas cenas, entretanto, são ofuscadas por um hiper-realismo que, de resto, tem sido a ambição de muitas animações. A fotografia e os enquadramentos, por exemplo, parecem querer emular as convenções do cinema tradicional. O que me atrai em animações é justamente sua possibilidade inerente de transcender as regras do realismo e contar histórias livre da gramática narrativa do cinema de "carne e osso". Os filmes de Hayao Miyasaki são um bom exemplo dessa liberdade levada às últimas consequências e servem de modelo para realizadores que queiram fugir da narrativa simplesmente "bem feita" e de "bom gosto" e alcançar patamares realmente memoráveis e, por que não, desconcertantes.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Album Cover: The Velvet Underground & Nico (1967)



Em pleno aniversário de 45 anos, nada como lembrar a capa clássica do Andy Warhol para "The Velvet Underground & Nico", disco que o próprio produziu. Provavelmente o álbum que mais me excitou na primeira audição. Belo, caótico, barulhento, inteligente, melódico, ousado, original, genial.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Moon River (em Tournée, Mathieu Amalric, 2010)



Em 2010, Mathieu Amalric ganhou o prêmio de direção no Festival de Cannes por "Tournée". Não fossem os ótimos números musicais, teria sido um baita exagero.

domingo, 22 de julho de 2012

Tom Waits no Fernwood 2 Night (1977)



Dá pra não achar o Tom Waits incrível?

Febre do Rato (Cláudio Assis, 2011)


Até que não demorou muito para o Cláudio Assis cometer o seu filme em preto e branco. "Febre do Rato" é o primeiro trabalho do diretor desde o populista "Baixio dos Bestas". E não só segue todos os defeitos da obra do cineasta como os amplia a um nível que beira o insuportável. É Assis mais uma vez "denunciando" a realidade da periferia (claro) de Recife, dessa vez por meio de um poeta popular que busca inflamar as massas através de um discurso libertário, muita cachaça e muita maconha. Irandhir Santos, o Deputado Fraga de "Tropa de Elite 2", se continuar nessa toada, corre o risco de se tornar o maior mala do cinema nacional. O que irrita no filme é justamente esse tom "libertário" que, em última análise, não passa de uma visão sectária e maniqueísta do mundo - e nada mais autoritário do que tentar impor seu ponto de vista na base do grito. Assis critica a burguesia (aquela que paga o ingresso para assistir aos seus filmes e costuma enchê-lo de prêmios, talvez devido a algum sentimento de culpa que deva ser expiado), os militares que marcham em um desfile de Sete de Setembro (virtualmente inócuos e uma pálida sombra do que eram décadas atrás) e, lá pro final da fita, mostra uma tentativa de conscientização de classe com os personagens espalhando papéis ao léu pelas ruas de Recife e emporcalhando a cidade - coisa mais ecologicamente incorreta... O diretor acredita ainda que consegue chocar seu público mostrando os personagens queimando fumo adoidado, se masturbando e fazendo sexo (em cenas muito mal-filmadas, diga-se de passagem). Tal qual o protagonista com seus versos, Assis parece inebriado com suas ideias ao ponto de perder a noção da originalidade e da sofisticação do pensamento. Provavelmente o anacrônico da história é ele próprio. Resta saber se o público continuará comprando seu cinema ou, como diria o próprio diretor (de maneira "libertária", claro), vai mandá-lo tomar logo no cu, que é o que ele merece.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Manhã de Carnaval (de Orfeu Negro, Marcel Camus, 1959)



Uma das piores heranças do Cinema Novo foi ter, durante anos, relegado ao desprezo alguns filmes de realizadores que não faziam parte da "turminha". "Orfeu Negro" é um dos casos típicos. Embora a produção seja francesa, o filme foi todo rodado no Rio, com elenco brasileiro, e baseado na peça do Vinícius de Moraes. Os "intelequituais" torceram o nariz. Para eles, era um filme que mostrava apenas o "Brasil folclórico". Nunca concordei com tal julgamento, que, de qualquer modo, não é demérito nenhum. O filme é lindo. E conta com a mais bela trilha sonora da história do cinema brasileiro.
"O Pagador de Promessas", que o Anselmo Duarte adaptou da peça do Dias Gomes, é outro filme que deveria ser melhor avaliado. O cinema da Boca do Lixo, em anos recentes, vem conquistando o reconhecimento devido. Mas sempre valorizamos por aqui aquelas alegorias ruins de doer do Cinema Novo, quando não aquelas adaptações horrorosas do Nelson Rodrigues (das quais merecem destaque aquelas dirigidas pelo Neville d'Almeida, provavelmente o pior diretor brasileiro de todos os tempos).
Um dos arautos do Cinema Novo, Cacá Diegues, dirigiu justamente uma adaptação de Orfeu lá por 1999 ou 2000. É ruim demais - até a trilha do Caetano é frouxa e sem vida. Voltemos ao original.  

Album Cover: Lou Reed & Metallica (Lulu, 2011)


Capa belíssima para um dos discos mais incompreendidos dos últimos anos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Joy Division - New Dawn Fades



We'll share a drink and step outside
An angry voice and one who cried
We'll give you everything and more
The strain's too much, can't take much more
Oh, I've walked on water, run through fire
Can't seem to feel it anymore

Jeffrey Harp - Chorus (2004)


sábado, 14 de julho de 2012

Hipsters Não Te Salvarão


O passeio de Gabriel Chalita esta manhã, de Higienópolis ao Vale do Anhangabaú, mais a expectativa da pedalada de Haddad amanhã, ou de Soninha no próximo fim de semana, parece ter colocado em pauta o deslocamento alternativo por São Paulo. Só que, como prega o velho clichê, de boas intenções o inferno está cheio. A turma que acompanhava Chalita, por exemplo, chegou a ocupar todas as faixas da rua com suas bicicletas em alguns momentos.
O Salon chama atenção para as limitações de políticas urbanas baseadas em fetiches hipsters, como é o caso das bicicletas em vias públicas. É claro que é importante uma cidade bike friendly, além de ser um bem-vindo sinal de educação, mas não dá pra levar a sério a ideia de se utilizar bicicletas como alternativa real de transporte urbano, principalmente em uma cidade como São Paulo. Como vai direto ao ponto o artigo publicado no site americano, os líderes atuais não têm nada de novo a oferecer, a não ser clichês requentados. Eles não têm ideia do que fazer com lugares e pessoas que ainda não são suficientemente bem-sucedidos e que não têm quaisquer perspectivas de virem a tornar-se cool.

Björk - Crystalline



Direção do Michel Gondry.

Album Cover: The Rolling Stones - Sticky Fingers (1971)


Andy Warhol concebeu o trabalho de arte, Billy Name fotografou e Joe Dallesandro foi o modelo da capa mais clássica de um álbum dos Stones.

Gorillaz - On Melancholy Hill

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Somewhere in California (Jim Jarmusch, 1993)



Curta antológico dirigido por Jim Jarmusch e premiado em Cannes, em 1993. Dez anos depois, Jarmusch reuniu este e outros esquetes em "Café e Cigarros"/"Cofee and Cigarretes".

terça-feira, 10 de julho de 2012

Album Cover: The Good, The Bad & The Queen (2007)



O ótimo projeto "The Good, The Bad & The Queen" foi, nas palavras dos seus próprios realizadores, uma tentativa de reflexão sobre a vida na Londres contemporânea. O projeto gráfico de Will Bankhead e T. Sotter Boys da cidade em chamas traduz à perfeição ideias como "pessoas confusas", "ilha hostil" e "lares solitários". Disco fundamental, projeto gráfico de encher os olhos.

Lou Reed - Perfect Day (de Trainspotting, Danny Boyle, 1996)

Brooke Shaden - A Hierarchy (2009)


domingo, 8 de julho de 2012

Glauber Rocha Entrevista Brizola no "Programa Abertura" da TV Tupi



O anárquico Glauber Rocha entrevista o "homem do povo" Brizola no "Programa Abertura", da TV Tupi.
Não há como não lembrar que, em seu filme de 1967, "Terra em Transe", Glauber mostra o poeta e político Paulo Martins a certa altura tampando a boca de um sindicalista e dizendo: "Estão vendo o que é o povo? Um imbecil, um analfabeto, um despolitizado. Já imaginaram o povo no poder?"

sábado, 7 de julho de 2012

One Step Beyond - The Sacred Mushroom



Mais um daqueles posts incríveis do "Dangerous Minds". Menos de um ano depois das primeiras experiências lisérgicas do Timothy Leary, o diretor e apresentador do programa de televisão norte-americano "One Step Beyond", John Newland, viajou até o México para experimentar os "cogumelos mágicos" ou "sagrados" - o peiote. Isso em 1961. De lá pra cá, não é necessário ser nenhum gênio para se perceber o quanto a televisão de uma forma geral perdeu em genuína sofisticação e ousadia.

Bergman, Truffaut e Haneke


Não sei se é uma percepção puramente pessoal, mas o "Telecine Cult" vem progressivamente apresentando uma programação sem personalidade, com títulos que não justificam o nome do canal. Por isso, é uma ótima surpresa depararmo-nos com os filmes programados para serem exibidos neste sábado, 07/07. Às 20:20 teremos "Gritos e Sussurros"/"Viskningar Och Rop", do Bergman, seguido de "O Último Metrô"/"Le Dernier Metro", réquiem do Truffaut. Simplesmente dois dos mais notáveis trabalhos daqueles mestres da cinematografia mundial.
Se ainda não pode ter seu nome equiparado ao dos seus colegas da Suécia e da França (e provavelmente nunca terá mesmo), o austríaco Michael Haneke é um dos mais importantes cineastas contemporâneos. E o mesmo canal exibe às 00:25 seu filme de 2005, "Caché", sem dúvida um dos trabalhos fundamentais da década passada.
Com uma programação como essa, dá até pra ficar em casa sem nenhum problema mesmo em um sábado de feriadão prolongado no estado.

Album Covers: Elvis Presley (1956) e The Clash (London Calling, 1979)


A foto capa do primeiro álbum do Elvis, de 1956, foi tirada em Tampa, Flórida em 1955, por William "Red" Robertson.



Os punks do Clash fizeram uma versão, bem, punk, da capa do ábum do Elvis para o seu clássico de 1979, "London Calling". Paul Simonon foi fotografado por Pennie Smith destruindo seu baixo durante o quinto tour da banda pelos Estados Unidos. O design gráfico é de Ray Lowry.


Lana Del Rey - Blue Jeans

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Os 30 Anos de "Coisas Eróticas", o Primeiro Pornô Explícito Brasileiro


Amanhã, 07/07, completam-se os 30 anos da primeira exibição de um filme pornô explícito nacional, o "Coisas Eróticas" (Raffaele Rossi), no Cine Windsor, centrão paulistano. O "Estadão" nos conta que um documentário e um livro sobre os bastidores da produção foram preparados. O filme, egresso da Boca do Lixo, pode ser facilmente baixado na rede e o seu interesse é, digamos, apenas histórico.
É interessante notar que o primeiro explícito norte-americano, "Mona", foi lançado em 1970, mesmo ano, por exemplo, do primeiro dinamarquês, "Mazurka på sengekanten". Nós brasileiros sempre nos jactamos de ser sexualmente avançados, mas não passamos mesmo de uns retardatários.

Daunbailó (Down By Law, Jim Jarmusch, 1986) - Intro



New Orleans apresentada ao som de "Jockey Full of Bourbon", do Tom Waits, na sequência inicial do cult do Jim Jarmusch, "Daunbailó"/"Down By Law".

Street Style - Milão


terça-feira, 3 de julho de 2012

Sonic Youth - Kool Thing

David Bowie - Space Oddity



No filme canadense C.R.A.Z.Y. (Jean-Marc Vallé, 2005), o personagem do Marc-André Grondin consegue traduzir bem uma das melhores músicas da carreira do David Bowie, a desesperada (e desesperançada) "Space Oddity".

O próprio Bowie também participou de uma versão da música no filme promocional de 1969, "Love You Till Tuesday", dirigido por Malcolm J. Thompson. O resultado, ainda que levemente interessante, se mostrou mais previsível.




domingo, 1 de julho de 2012

Radiohead - Videotape



No matter what happens now
You shouldn't be afraid
Because I know
Today has been the most perfect day
I have ever seen

Sonic Youth - Disconnection Notice

Zélia Cardoso de Mello Explicando o Plano Collor



Memória histórica do absurdo - e da rapinagem.

A Fracassada Guerra às Drogas


Se, por volta de 1967, o abuso de maconha e LSD tinha implicações, digamos, mais comportamentais, como citado aqui há dois posts, o debate contemporâneo sobre a questão das drogas adquire contornos eminentemente mais políticos. Revista irmã da "Vanity Fair", a "New Yorker" publicou recentemente um excelente artigo sobre a batalha que trava a cidade mexicana de Guadalajara contra cartéis ligados principalmente ao tráfico de metanfetaminas, cujo destino final são quase sempre os Estados Unidos (segundo informações da ONU, anfetaminas superam cocaína e opiáceos e ficam atrás apenas da maconha como a classe de drogas mais consumida no mundo todo). Cidade de cerca de 4,5 milhões de habitantes, que já foi conhecida por sua segurança e sofisticação, Guadalajara entrou na espiral de violência descontrolada que atingiu quase todo o país, contaminando a sociedade, a polícia e a política, sem parecer apontar para uma real solução a médio ou longo prazo. Surgiram organizações criminosas também ligadas à "venda de proteção", a contrabando de produtos e à extorsão de imigrantes ilegais. A eleição presidencial realizada hoje no país, com esperada vitória da oposição, não deverá mudar esse curso.
O caso mexicano evidencia o completo fracasso da chamada política de "Guerra às Drogas", elaborada principalmente pelos EUA a partir da década de 1970. A simples repressão à oferta e criminalização da demanda se provou contraproducente ao não encarar o problema de frente e com todas as nuances que tal tarefa exigiria. Em última análise, uma sociedade livre das drogas é virtualmente uma utopia. O melhor a se fazer seria tentar uma regulamentação mínima desse comércio e um projeto de educação baseado em mais informações e menos preconceitos e dogmatismos. Alguns países europeus chegaram a resoluções com base em políticas de redução de danos. É claro que países como os Estados Unidos, o México e o Brasil, culturalmente mais heterogêneos e socialmente mais complexos, exigiriam soluções baseadas em suas características particulares e seria imperativo considerar a inserção deles no sistema internacional. Mas, como mostra o nível de brutalidade a que se chegou a violência no México e a infiltração do crime organizado em praticamente toda a estrutura do estado, já passou do tempo da ineficiente política de simples repressão ser revista. Caberiam aos políticos enfrentar o problema de frente e com o mínimo de preconceito possível. Mas um mesquinho e ignorante cálculo político impede que o debate suba de nível.