terça-feira, 12 de junho de 2012
Frango com Ameixas (Poulet aux Prunes, Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, 2011)
Quando assisti ao "Persépolis", da Marjane Satrapi e do Vincent Paronnaud, fiquei impressionado. Estava tudo no lugar, redondinho, e a animação dava uma liberdade impressionante para a narrativa, que, embora real, era tão "cinematográfica". A partir daí, fui atrás dos outros trabalhos gráficos da autora/diretora (e adorei a capa que ela fez para o disco "Préliminaires", do Iggy Pop). E não me causou muita surpresa sua opção, ao filmar sua graphic novel de 2004, "Poulet aux Prunes", em misturar animação e atores reais. Trata-se de uma artista com muita disposição em experimentar, e a trama, novamente real e inspirada em acontecimentos familiares, não seria nenhum impedimento para a empreitada.
A presença de atores como Mathieu Amalric, Isabella Rosellini, Maria de Medeiros e Chiara Mastroianni mostra o prestígio que Satrapi e Paronnaud conquistaram com o filme anterior. Aqui eles voltam ao Irã pré-revolução (só que em um ambiente que parece ser mais ocidentalizado) para contar a história de um violinista que, ao ter seu instrumento musical destruído por sua esposa, resolve simplesmente esperar pela morte. Ao longo do filme, com as idas e vindas da narrativa, conhecemos a história desse músico e das pessoas que o cercam, por meio de vários recursos como animação, sitcom, teatro e aspectos oníricos.
No início, tem-se a impressão de que o filme vai se enveredar por uma narrativa "fofinha", como o irritante "Amélie Poulain", só que os diretores pontuam a história com uma boa dose de melancolia; os sentimentos dos seus personagens são um pouco mais complexos (em vários momentos é difícil admirar o protagonista, por exemplo) e eles não temem em mostrar o quão frustrante os caminhos tomados podem se mostrar. O frango, no caso, é agridoce.
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