sábado, 19 de maio de 2012

The Turin Horse (Béla Tarr, 2011)



"The Turin Horse"/"A Torinói Ló" é o mais belo filme lançado em 2011. Já conhecia e admirava dois outros filmes do húngaro Béla Tarr, "The Man from London"/"A Londoni Férfi" (2007) e "Werckmeister Harmonies"/"Werckmeister Harmóniák" (2000), mas o bonito, ainda que árduo, estudo que o autor desenvolve ao tentar acompanhar os passos subsequentes do suposto cavalo cujo maltrato pelo dono enfureceu Nietzsche em seus dias em Turim (e tiveram algum efeito sobre os dez anos finais da vida, pensamento e loucura do filósofo), não se restringe ao estéril e sufocante cotidiano do pai e da filha perdidos em alguma uma parte remota de uma Europa inóspita, ou ao discurso de teor nietzscheano de um personagem que em algum momento invade a "trama". Trata-se aqui da relação do homem com o meio, do homem brutalizado pelo meio, que não vê como outra opção tentar domar (também de maneira brutal) essa mesma natureza. Béla Tarr parece não emitir juízo sobre essa relação, tenta descrevê-la de maneira objetiva (ou fria, como se queira). É uma obra a que se assiste com certa reverência, admirando-se os longos planos que o diretor lança mão para acompanhar seus personagens e assim tentar reconstituir algum pedaço de suas histórias por meio de uma rotina previsível, interrompida, em parte, pela visita do vizinho "nietzscheano" e, não gratuitamente, pela passagem de uma trupe de ciganos, os itinerantes que não surpreendentemente desestabilizam aquele status quo. E o cavalo está aí para lembrar o quão ambígua pode ser a relação do homem com a natureza - afinal de contas, quem domina quem no final? O final aponta uma resposta clara. Em tempo: depois de quase duas horas e meia "seguindo" o cavalo de Turim, quem se interessa em correr atrás do cavalo de guerra de Spielberg?

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